Taís Brem | Incorretos.

10338983_531620696950087_221439656_nA placa em frente ao açougue era simples, daquelas escritas com giz branco. E anunciava, entre outras coisas, que ali tinha “figuinho” pra vender. Alguém já disse que o importante para que uma comunicação seja estabelecida é que haja entendimento entre as partes. E parece que, neste ponto, estava tudo certo. Quem passava por ali e lia a placa, entendia a que produto ela se referia: fígado de galinha, o popular “figuinho”, ora bolas!
É claro que se levarmos para o lado linguístico da coisa, sabe-se que “figuinho” deveria ser o diminutivo de “figo”, não de fígado. Mas, como ninguém fala “figadozinho”, a adaptação acaba valendo. Senão nas provas de português, pelo menos no linguajar das ruas. Como na frente daquela casa, onde o pedreiro colocou um cartaz anunciando que faz de tudo: do “alicersso” ao telhado…
É aquele tipo de palavra que todo mundo – ou a maioria, pelo menos – sabe que não é assim que se pronuncia. Mas, pelo costume, acaba ficando tudo desse jeito, incorreto.
Não é difícil encontrar, por exemplo, quem tenha percorrido um trajeto caminhando e diga que veio “de a pé”, em vez de “a pé”, simplesmente. Ou quem tenha feito algo recentemente e explique que “arrecém” realizou tal ação. O correto é “recém”. Porém, mesmo sabendo qual é o certo, quantas pessoas você conhece que falam assim?
Dia desses, descobri que a palavra “subsídio” não se fala com som de “z”, mas com som de “c”. O correto seria “subcídio”, portanto. Compartilhando a informação com uma amiga, ela disparou: “Mentira que esse é o certo? Acho mais bonito continuar falando errado!”. E, de fato, muitas palavras que são adaptadas no nosso dia a dia, devem ter encontrado sua versão popular nessa mesma justificativa: o correto é correto, mas não cai tão bem aos ouvidos. Então, bem-vindos ao mundo incorreto dos “guspes”, “cônjugues”, “sombrancelhas”, “mendingos”, “rúbricas” e companhia limitada. Quem nunca foi adepto delas, que atire a primeira borracha.

Taís Brem

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