[PEL] Círculo Operário fecha em definitivo.

Por: Maria da Graça Marques
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O consultor Sérgio Correa e a advogada Carolina Trautmann estiveram com os funcionários na segunda-feira (Foto: Paulo Rossi - DP)
O consultor Sérgio Correa e a advogada Carolina Trautmann estiveram com os funcionários na segunda-feira (Foto: Paulo Rossi – DP)

Agora é definitivo: a matriz, a filial e a fábrica da Padaria Círculo Operário, em Pelotas, não abrirão mais as portas. Reunido com uma centena de funcionários e ex-empregados, principalmente demitidos da Paladaria – Centro Gastronômico no começo do ano, o consultor de empresas Sérgio Correa confirmou que não obteve sucesso nas tentativas de negociação com outras empresas do ramo para reabrir a padaria, fechada sexta-feira nos três endereços, enquanto a advogada Carolina Trautmann orientou que todos ingressem com ação coletiva na Justiça do Trabalho para garantir seus direitos.

O total da dívida não foi divulgado, mas os depósitos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e para a Previdência Social estão atrasados, assim como parte dos salários anteriores e os do maio. Segundo Corrêa, financiamentos bancários – e não por instituições de fomento – para a expansão da empresa é que motivaram as dificuldades financeiras que culminaram o encerramento definitivo das atividades da Círculo Operário, no mercado há 30 anos, completados no último dia 23.

Para os funcionários, essas dívidas da empresa, com a razão social Mário Medeiros & Filhos, impedem a retirada do FGTS, que praticamente inexiste para muitos, e o acesso aos benefícios previdenciários – entre eles, para as gestantes e os afastados por problemas de saúde. A expressão “dormi empregada e amanheci desempregada”, usada por uma funcionária, foi partilhada por muitos de seus colegas na segunda-feira (10), quando findou o prazo solicitado para que fosse encontrada uma alternativa para o funcionamento da empresa, que tem uma dívida de aluguéis dos três prédios ocupados por último estimada, atualmente, em R$ 280 mil.

Presença do diretor era esperada
Revoltados, esses funcionários esperavam pela presença do diretor Mário Filho – primeiro pela manhã, na sede da fábrica, na rua Lobo da Costa e à tarde, na sede do Sindicato dos Trabalhadores da Alimentação, na Almirante Barroso, onde compareceram Correa e Carolina. Quando fechou, a empresa gerava mais de 80 empregos nos três últimos endereços e é esse quadro de pessoal que deverá ingressar com a ação coletiva para obter as garantias trabalhistas – outros 70 foram demitidos anteriormente da Paladaria. “Eles chegaram a ter 240 funcionários”, lembrou o funcionário do Departamento de Recursos Humanos, Hamilton Pereira, um daqueles que está com sua Carteira de Trabalho retida na matriz fechada da empresa.

Segundo a advogada, será solicitada a autorização judicial para a retirada dessas carteiras, já que são necessárias para a rescisão dos contratos de trabalho dos funcionários, com a garantia do seguro-desemprego e de acesso a uma nova vaga de emprego, e o andamento da ação coletiva contra a empresa. Ao Sindicato dos Trabalhadores, devem ser entregues todas essas carteiras. Quem não entrou com ação individual de rescisão indireta pode procurar o Sindicato de segunda a sexta-feira, a partir das 18h. Caso contrário, deve comparecer com seu advogado, orienta o assessor de Assuntos Jurídicos, Rovanir Ribeiro.

“Essa situação já vinha se prolongando há mais de dois anos”, lembrou Ribeiro e esses empregados já tinham sido alertados, contou. Ontem, a advogada repassou a informação que recebeu da empresa: “O HD foi danificado”, o que significa que todos ou os principais dados da empresa estão indisponíveis – é no hard disk, ou disco rígido, que estavam guardados seus arquivos ou sistemas informatizados. É mais uma justificativa para que as carteiras de trabalhos sejam retiradas por ordem judicial do Departamento de Pessoal, explicou Carolina.

Necessidade de garantias
“Nós desconhecíamos a real situação da empresa”, disse Correa aos funcionários, referindo-se à reunião anterior e justificando porque as negociações com outras empresas não evoluíram e a decisão dos proprietários da Círculo Operário foi pelo seu fechamento permanente. Como não era proprietária dos imóveis que ocupava, a empresa tem apenas equipamentos que podem garantir o pagamento das dívidas, que são trabalhistas, tributárias e bancárias, explicou o consultor de empresas.

Para assegurar seus direitos, os empregados devem buscar o depósito judicial desses equipamentos. As causas trabalhistas têm prioridade no pagamento das dívidas, informou a advogada. Auxiliar de produção na fábrica há cinco anos, Fabiane Machado repete o que outros funcionários dizem: algumas máquinas foram retiradas daquele local, o que Correa disse desconhecer. Ele informou que esteve no local, que recebeu parte dos equipamentos da antiga Paladaria, quando o prédio da avenida Dom Joaquim foi desocupado.

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